Padrões de qualidade dos cuidados de enfermagem
Padrões de qualidade dos cuidados de enfermagem
No âmbito do Ensino Clínico em Situação de Défice no Autocuidado, do 2ºano 3ºsemestre, foi me proposto pelo professor Alberto Barata Cavaleiro, um trabalho sobre padrões de qualidade dos cuidados de enfermagem, devido à falta de conhecimentos sobre o mesmo.
Esta ficha de Leitura tem como principal objetivo adquirir conhecimento dos aspetos mais importantes que desenvolvem os padrões de qualidade acima mencionados e a sua importância, o que me permite refletir e desenvolver metodologia para uma prestação de cuidados orientadas em boas práticas.
Construir um juízo critico fortalece no enfermeiro a capacidade de assimilar novas aprendizagens, interpretando-as e estimando, para desenvolver um julgamento. Assim, a aptidão para pensar criticamente, ajuda a resolver problemas e tomar decisões na prática de enfermagem. Portanto, este trabalho permitirá uma análise da importância do conhecimento dos padrões de qualidade, mencionando as principais dificuldades, bem como as potencialidades que o mesmo pode ter para o Ensino Clínico.
A necessidade de implementar sistemas de qualidade está hoje assumida formalmente pela Organização Mundial da Saúde e o Conselho Internacional de Enfermeiros, quer por organizações nacionais como o Conselho Nacional da Qualidade. Criar sistemas de qualidade em saúde revela-se uma Acão prioritária, de modo a permitir criação de estratégias que promovam uma melhoria contínua da qualidade do exercício profissional dos enfermeiros.
Para se definir padrões de cuidados de enfermagem é importante ter em consideração os conceitos como: saúde, pessoa e ambiente e os cuidados em enfermagem.
A saúde por ser uma representação mental torna-se num estado subjetivo, variável no tempo; constitui um processo dinâmico e contínuo que demostra o estado de equilíbrio do doente, não se resumindo apenas a ausência de doença. Traduz-se na capacidade que a pessoa tem para controlar a dor e encontrar o bem-estar físico e conforto nas vertentes espiritual, emocional e cultural. Por sua vez, a pessoa é um ser uno com crenças e valores singulares, em que as ações são influenciadas pelo meio envolvente.
Já o ambiente é constituído por vários componentes (físicos, culturais, organizacionais, económicos, políticos) que vão afetar ou determinar o estilo de vida e que se refletem no conceito de saúde. Deste modo é importante que o enfermeiro, em todas as fases de processo de enfermagem, ao modo como estes conceitos interagem entre si, de modo a adequar e personalizar os cuidados prestados.
Os cuidados de Enfermagem baseiam-se numa relação estabelecida entre enfermeiro e pessoa/grupo de pessoas, em que todos os intervenientes podem ter crenças e valores distinto. No entanto, devido à formação do enfermeiro, este deve ter capacidade de respeitar e garantir a dignidade face aos mesmos, devendo sempre evitar juízos de valor.
Os seus cuidados têm por base a necessidade de estabelecer uma relação de negociação com o utente, promovendo a sua proatividade nas ações de saúde. Muitas vezes, essa parceria é feita com os pacientes e/ou com pessoas significativas do seu ambiente.
Os procedimentos de enfermagem centram-se, essencialmente em prevenir a doença e promover os processos de readaptação ao longo do ciclo da vida e de cada etapa transitória. Logo, e de modo a adquirir resultados de qualidade o enfermeiro terá de em consideração a humanização do cliente, ou seja, os princípios do respeito, da dignidade dos indivíduos/grupos. Para este desempenho os enfermeiros regem-se pelos deveres perseverados Código Deontológico e regulamentação do exercício da profissão.
O exercício profissional rege-se por dois tipos de intervenções, as interdependentes e as Autónomas. Nas primeiras, o enfermeiro é responsável pela implementação, uma vez que são prescritas por outro grupo profissional. Já na segunda, o enfermeiro é responsável pela prescrição e pela implementação, tomando uma decisão através das abordagens Sistémicas e sistemáticas. No processo de tomada de decisão, o enfermeiro tem de ser minucioso na avaliação inicial, para detetar as necessidades de cuidados, de modo a implementar intervenções para minimizar as necessidades identificadas já existentes e prevenir a ocorrência de outras.
Segundo a ordem dos enfermeiros, 2002, é neste sentido que são categorizados seis enunciados descritivos: "A satisfação do cliente; a promoção da saúde; a prevenção de complicações; o bem-estar e o autocuidado; a readaptação funcional; a organização dos cuidados de enfermagem".
No primeiro, Satisfação do cliente, o profissional terá de mostrar empatia pelo doente, respeitar, dignificar os cuidados, assim como, envolver o cliente e conviventes significativos na dinâmica do seu processo de cuidados respeitando a sua individualidade. Desta maneira, o enfermeiro pretende minimizar o impacto negativo do seu estado.
O segundo, pretende-se em conhecer o paciente, desenvolvendo as suas potencialidades, de modo a planear intervenções mais adequadas ao seu estado, intervindo nas necessidades identificadas e, fornecendo estratégias para ajudar a ultrapassar as dificuldades identificadas.
No terceiro, deseja-se que o enfermeiro consiga identificar o mais precoce possível as potenciais complicações, de modo a minimizar o seu impacto no processo de saúde. A prevenção de complicações é garantida com rigor na implementação de todas as fases do processo de enfermagem e também na referenciação para outros profissionais quando necessário.
Quanto ao bem-estar e autocuidado, o enfermeiro tem de procurar promover o conforto, o bem-estar psicológico e físico, assim como o seu autocuidado. O autocuidado é o conceito central, e explica-se como "uma ação deliberadamente realizada pelas pessoas para regularem o seu próprio funcionamento e desenvolvimento, ou dos seus dependentes" (Orem, 2001).
Relativamente á readaptação funcional, o enfermeiro desenvolve estratégias eficazes na procura de ultrapassar as dificuldades encontradas no paciente, devendo potenciar os recursos do doente, família e comunidade, garantindo a continuidade de cuidados.
Por fim, no que diz respeito à organização dos cuidados de enfermagem, é importante ter sempre em conta os referenciais teóricos, a procura de uma melhoria contínua (tendo como principal ferramenta os registos de enfermagem), garantido um rácio adequado do número de doentes por enfermeiro, criando condições que também permitam a satisfação do enfermeiro. (Ordem dos Enfermeiros, 2002)
Com a realização desta pesquisa, pude compreender a importância de rigor e sistematização ao longo de todo o processo de Enfermagem (avaliação, elaboração de diagnósticos, prescrição e implementação de intervenções, avaliação de resultados), onde devo sempre manter presente o respeito pela individualidade da pessoa e meio envolvente. Para garantir a excelência nos cuidados de enfermagem, devo também ter sempre a pessoa alvo dos meus cuidados envolvidos em todo o processo de tomada de decisão, e o mesmo processo deve sempre ser dinâmico. Este trabalho ajudou-me a criar linhas orientadoras para a minha prestação de cuidados, ao destacar os aspetos a que devo estar atenta (crenças, valores, potencialidades, importância de registos de enfermagem, por exemplo).