Sinais Vitais
Esta ficha de leitura, surge no âmbito do Ensino Clínico do Défice de Autocuidado, do 2º ano 3º semestre e tem como objetivo consolidar conhecimentos sobre os vários sinais vitais e quais os padrões de referência, permitindo identificar alterações o mais precoce possível, minimizando o seu impacto.
Segundo Teixeira (2015), e citado pela ordem dos Enfermeiros, "sinais vitais são indicadores do estado de saúde, e da garantia das funções cardio-circulatória, respiratória, neurológica e endócrina". Servindo para que o enfermeiro sustente a sua avaliação das condições de saúde do utente.
Estes devem ser avaliados sempre que:
- Admissão ao serviço de saúde;
- De acordo com a prescrição médica;
- Antes e depois de procedimentos cirúrgicos, de procedimento invasivo, transfusões, administração de medicamentos, intervenções de enfermagem que o justifiquem;
- No contexto hospital, deve ser efetuado diariamente;
- Nas alterações do estado do doente;
- Quando o doente refere sintomas indeterminados de perturbações físicas.
A temperatura é controlada pela aptidão que o individuo têm para se conservar o quente mesmo com a variação da temperatura ambiente, ou seja, a capacidade de manter o equilíbrio entre a produção e a perda de calor do organismo, mediado pelo centro termorregulador (hipotálamo). Contudo, há fatores que podem influenciar a temperatura, tais como, o esforço físico, a vasodilatação, o aumento metabólico causado pela atividade muscular e a febre (elevação anormal da temperatura corporal) (Pauchet-Traversat, 2001, p.717).
Esta mede-se em graus Celsius e é possível avaliar em várias zonas do corpo: reto, vagina, bexiga, axilas, virilhas, pele, boca, artéria pulmonar, estomago, esófago, faringe, membrana do tímpano e na zona frontal da cabeça (testa). Consoante o local de medição da temperatura os valores podem oscilar, por exemplo, na temperatura central (avaliada por métodos invasivos) a temperatura é mais elevada que a periférica 0,5ºC a 1ºC, por sua vez, a temperatura de superfície (periférica) varia consoante o local utilizado (retal- mais alta; axilar- mais baixa) (Pauchet-Traversat, 2001, p.717).
Porém, a temperatura corporal tem como valor padrão de 36,1ºC a 37,2ºC para adulto, considerando o utente afebril. Quando por alguma razão, a pessoa avaliada apresentar:
- Abaixo de 35ºC está hipotérmico;
- 37,3ºC a 37,7ºC está subfebril;
- 37,8ºC a 38,9ºC está com febre;
- 39ºC a 40ºC está pirexia;
- Acima de 40ºC está hiperpirexia.
Quando se verifica febre, é importante ter em consideração as características da mesma, ou seja, se o início foi súbito ou gradual, a sua intensidade (leve- até 37,5ºC; moderada -de 37,5ºC a 38,5ºC; ou elevada - acima de 38,5ºC), a duração (poucos dias ou prolongada), assim como, a evolução (continua- temperatura constante; intermitente- picos; recidivante- por surtos).
A frequência cardíaca refere-se ao número de vezes que o coração bate por minuto, isto é possível, devido a contração e expansão alternada da artéria. Os locais usuais para a verificação do pulso são:
- Artéria Radial (pulso);
- Artéria carótideo (pescoço);
- Artéria branquial (face interior do cotovelo);
- Artéria Femural (virilha);
- Artéria poplíteo (fossa poplítea);
- Artéria temporal (face);
- Artéria Dorsal Pedioso (dorso do pé);
- Artéria Tibial Posterior (tornozelo).
Para a verificação deste sinal vital, é importante pressionar a artéria usada com as extremidades do segundo e terceiro dedos da mão, de modo a conseguir sentir as batidas (a força do sangue exercida nas artérias) e contar essas batidas por 60segundos (1minuto).
Com esta avaliação, conseguiremos conhecer a frequência do pulso (nº de pulsações por minuto), a amplitude (fraco/filiforme ou forte/cheio), o ritmo (rítmico ou arrítmico) e a simetria (simétrico ou assimétrico) (Gupta, 2001).
A frequência normal do pulso varia consoante a idade, o sexo e do crescimento/desenvolvimento, contudo o valor padrão é:
- Adulto - 60-100bpm.
Se o individuo apresentar este valor, diz-se que está normocárdico. Mas se por sua vez, apresentar valores abaixo do mínimo encontra-se em bradicardia, se superiores ao valor máximo está em taquicardia. Poderá ser percetível, uma arritmia se houver uma variação do ritmo normal da contração auricular e ventricular do miocárdio (Gupta, 2001).
A respiração é uma troca gasosa entre os pulmões e o meio exterior, com a finalidade de absorver oxigénio e eliminar o gás carbónico, assim como, assegura, também, o oxigénio na corrente sanguínea.
Os métodos de avaliação podem ser: observação e palpação (permitem avaliar os indicadores imediatos- frequência, amplitude, simetria e ritmo) ou percussão e auscultação (permite observar a estrutura/funcionalidade ventilatória, assim como, a densidade da estrutura e a deteção de obstruções). Pode também, ser avaliado por meio eletrónico através de um monitor ou dinamap.
O valor padrão da frequência Respiratória é:
- Adulto: 12-20;
- Idoso: 15-25.
As alterações da respiração são denominadas de:
- Dispneia: dificuldade respiratória;
- Taquipneia ou polipneia: aumento da frequência respiratória;
- Hiperpneia: respirações são trabalhosas, aumentadas em profundida e aumentadas em frequência.
- Bradpneia: diminuição da frequência respiratória;
- Ortopneia: dificuldade em respirar numa posição diferente da vertical;
- Apneia: interrupção da respiração/ausência de ciclos respiratórios nomeadamente;
- Hiperventilação: aumento da frequência e da profundida respiratória;
- Hipoventilação: diminuição da frequência e da profundida respiratório.
No entanto, a avaliação da respiração requer conhecimentos observáveis, como por exemplo se tem uma respiração livre e pelo nariz, coloração das secreções, reflexo de tosse eficaz, entre outras, como por outros parâmetros não observáveis. Estes, são feitos por auscultação pulmonar e podem apresentar os seguintes sons:
- Ruídos respiratórios;
- Ruídos adventícios;
A pressão arterial é uma pressão (em mmHg) de sangue sobre as paredes das artérias, ou seja, resistência das artérias à passagem de sangue e que se encontra dependente do débito cardíaco; volume de sangue; viscosidade sanguínea; resistência vascular periférica; distensibilidade/elasticidade.
Através desta, podemos monitorizar os valores da pressão sistólica (pressão de sangue que provém da contração dos ventrículos- valores máximo), a pressão diastólica (pressão de sangue quando os ventrículos estão em repouso - valor mínimo) e a pressão diferencial (diferença entre a pressão sistólica e a pressão diastólica - pouca diferença possível problema cardiovascular).
O valor padrão, varia consoante a idade, e classifica-se como normotenso:
- Adulto- 130/80mmHg;
- Idoso- 140/90mmHg.
Contudo, quando a tensão arterial está abaixo dos valores normais para a idade, considera-se hipotensão, mas quando se encontra acima denomina-se por hipertensão.
A dor, é uma sensação subjetiva que pode estar associada a mal, ou seja, a dor é uma experiência subjetiva e individual (a dor é aquilo que a pessoa diz que é) associada a desconforto.
Esta pode ser aguda, crónica, superficial, profunda, fisiopatológica, entre outras. Na dor aguda, o início é recente e de provável duração limitada havendo uma definição temporal e/ou causal.
Por sua vez, na dor crónica, a dor é prolongada no tempo, com difícil identificação temporal e/ou causal que causa sofrimento, podendo manifestar-se com várias características e gerar diversos estádios patológicos. É uma dor persistente de duração igual ou superior a 3 meses que persiste para além da cura da lesão que lhe deu origem.
Já, na dor superficial é envolvido a pele e as mucosas e é transmitida por fibras de condução rápida. No entanto, a dor profunda surge dentro do organismo e é transmitida por fibras de condução lenta.
A dor nociceptiva deve-se a uma lesão tecidular contínua, e pode ser:
- Somática: origem nos ossos e músculos, piora com tosse e espirros;
- Visceral: difusa e difícil de explicar.
Depois, temos a dor neuropática que consiste na lesão tecidular ativa devido a compromisso neurológico e a dor psicológica com origem psicossocial.
A avaliação da dor é feita por escalas, no entanto devemos ter em conta a pessoa para escolher a correta, e são:
- Escala visual analógica;
- Escala numérica;
- Escala de faces;
- Escala qualitativa.
Em suma, conhecer os valores padrão é importante, porém, os valores podem diferenciar de individuo para individuo e torna-se fulcral conhecer os valores de referência de cada pessoa. Pois cada pessoa é um ser uno e com caraterísticas únicas.
A pesquisa dos parâmetros vitais vai permitir avaliar com segurança os sinais vitais, de forma completa e rigorosa, incluindo todos os parâmetros que os 5 sinais vitais contemplam, e não apenas fazer a sua avaliação.
A importância de conhecer os valores padrão, permitindo-me detetar e identificar alterações o mais precoce possível, permitindo estabelecer intervenções adequadas que diminuam o impacto das respetivas alterações.