Síntese Reflexiva Final
O Ensino Clínico em Situação de Défice no Autocuidado, na Fundação Ferreira Freire, em Portunhos Cantanhede, deu-me o primeiro contato com a realidade, num contexto onde consegui atingir os objetivos preconizados. Foi um culminar de trabalho que contribuiu para as minhas aprendizagens e para o meu desenvolvimento pessoal. Ao nível profissional ajudou-me a desenvolver competências que me serão uteis, enquanto futura profissional, tais como, o trabalho em equipa, espírito de interajuda, organização de tempo, gestão emocional e a comunicação.
Na primeira semana, foi de integração ao EC, onde se realizaram os dois primeiros seminários e conhecemos os orientadores, os colegas, assim como, as instalações da FFF. Esta estratégia inicial, foi importante para saber com o que era preconizado para o EC, assim como, para conhecer a dinâmica da instituição.
A segunda semana, estabeleci as primeiras comunicações, tanto com os utentes, como com os vários profissionais. Foi nesta semana, que iniciamos a observação e colaboração em alguns cuidados, que mais tarde se iriam tornar fundamentais para a avaliação do utente atribuído.
Na semana seguinte, já com o utente atribuído, recolhi a maioria da informação pertinente sobre o utente, em que se justifica a intervenção do enfermeiro, de acordo com o guia de recolha de dados fornecido pelo guia orientador de EC.
A quarta semana, ainda com a mesma utente, comecei a formular o plano de cuidado individual, neste caso para a utente atribuída, e iniciei a implementação do mesmo. O plano tinha como base a teoria de défice do autocuidado de Orem e a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE) como orientador para a elaboração deste trabalho.
A quinta semana, foi atribuído um novo utente, e retomei todo o processo efetuado anteriormente, para conseguir dar respostas às necessidades dos novos estudos de caso. Foi nesta semana que tive a oportunidade de introduzir uma sonda nasogástrica, e que apesar de todos os receios, consegui realizar o procedimento com eficácia. No geral, o procedimento correu bem, contudo tenho de melhorar na informação sobre o procedimento à utente, ou seja, a comunicação com a utente e no gerir o material, apesar de ter o material certo comigo, não tinha a mão para usufruir quando precisava.
A semana seguinte, mantive o plano de cuidados preconizado por mim, e ainda tive a oportunidade de colher sangue a uma utente. Até ao dia, tinha apenas realizado a colheita nos manequins da escola, contudo, na pessoa o processo torna-se mais complexa. A punção foi efetuada com sistema de vácuo, exercendo uma pressão quando coloquei o tubo que levou a introduzir um pouco mais a agulha, contudo, consegui estabilizar a agulha e realizar a colheita. Efetuei a colheita na fossa cubital, na veia cubital mediana que faz a junção da veia cefálica com a veia basílica, esta veia apresentava a uma boa volémia sentida à palpação. Um dos pontos facilitadoras da colheita, foi a presença do orientador de EC e da técnica que me foram motivando e instruindo a fazer, e o facto da utente estar calma e colaborativa.
A realização deste EC foi enriquecedora, consegui ultrapassar algumas barreiras que se tornavam dificultadoras enquanto EE. Apesar de ainda ter de melhorar, consegui estabelecer uma comunicação verbal e não-verbal com os vários utentes com quem estabeleci contato; a gestão das emoções, foi outra das dificuldades sentidas, estabelecer uma relação de empatia com outro, por vezes, é difícil não desenvolver sentimentos de impotência, contudo sei que fiz o melhor que sabia para colmatar os défices e promover o confronto e bem-estar dos utentes. No que concerne à destreza manual, compreendi que a prática e o treino são fundamentais para desenvolver esta competência, porem, sei que evolui bastante, mas terei de crescer neste sentido.
O EC, teve aspetos facilitadores, que tornaram todo este percurso menos doloroso. Os EE, que apesar de ser um grupo heterogéneo, foi com quem debati e discuti os casos clínicos e se mostraram disponível para a ajudar na elaboração dos vários procedimentos e nas elaborações dos trabalhos. Com eles aprendi, que a união faz a força, e que juntos chegamos mais longe, ou seja, o trabalho em equipa foi das competências que mais desenvolvi. Outro aspeto facilitador, foi os orientadores de EC, percorreram connosco todo o percurso, motivando, instruindo e capacitando para evoluir todos os dias. A equipa multiprofissional existente na FFF, em especial aos Enfermeiros, que sempre se mostram disponíveis para nos ensinar e acompanhar neste processo de aprendizagem.
Em relação as aprendizagens, destas seis semanas, a observação foi fulcral para crescer, enquanto EE, futura profissional de saúde. Esta ferramenta de enfermagem permitiu-me aprender a realizar as ações pertinentes ao utente, assim como, os procedimentos adequados, desenvolvendo o sentido critico num contexto real. Consigo destacar a observação na introdução da sonda vesical, onde o colega realizou o procedimento com rigor e profissionalismo, esperado para uma primeira vez, contudo, poderá melhorar a destreza manual e o gerir o tempo; e no tratamento da maceração, onde colaborarei com a colega que o realizava, contudo, e sem me aperceber toquei com a tesoura esterilizada no exterior do pacote aquacel AG, o que leva a concluir que tenho de melhorar na destreza manual e o foco da minha atenção. Relativamente ao procedimento, destaco a colheita de sangue, onde a experiência mostrou ser mais complexa no contexto real.
Durante este processo de aprendizagem, mostrei interesse nas atividades, responsabilidade, pontualidade e assiduidade, assim como, disponibilidade e iniciativa. Consegui, também estabelecer uma comunicação terapêutica com os utentes, identificando-me, pedindo colaboração e informando os cuidados que seriam prestados. Adquiri mais conhecimentos sobre o saber-ser, o saber-estar e o saber-fazer.
Em suma, sinto-me grata por todas as oportunidades de aprendizagem enriquecedoras e produtivas que foram uteis para o meu desenvolvimento profissional e pessoal. Posso concluir, que os cuidados são diferenciados para cada utente, mas que todos tem em comum o conforto e bem-estar da pessoa.